quarta-feira, 20 de abril de 2011

JN: Esportistas tentam se aprimorar em modalidades cada vez mais velozes

No vôlei, a rapidez da bola marca a diferença entre gerações. E para lidar com saques que alcançam 200 km/h, o técnico da seleção masculina, Bernardinho, inventou um exercício, destacou o Jornal Nacional da Rede Globo de Televisão.
Quem acompanha esportes há mais de dez anos nota a diferença. Algumas modalidades se tornaram mais rápidas, com lances e movimentos muito mais velozes. O repórter Guilherme Roseguini mostra como os jogadores têm sido obrigados a se adaptar a essas mudanças.

Thomaz Bellucci, o número um do tênis brasileiro, sabe bem por que o técnico exige tanta velocidade. “Antigamente, 10 ou 15 anos atrás, não era tão rápido. Os caras sacavam a 180 km/h, 190 km/h. Hoje em dia, os caras sacam a 240 km/h, 230 km/h”, afirma o jovem.
Até mais, na verdade. Neste mês, o croata Ivo Karlovic quebrou o recorde de serviço mais rápido da história ao sacar a 251 km/h.
Mas como treinar corpo e mente para reagir a um lance assim? “Tem que ser meio mágico, tem que inventar algumas coisas”, afirma o técnico Larri Passos.
O cérebro de um atleta demora dois décimos de segundo para perceber o movimento da bola através dos olhos e planejar a ação do corpo para alcançá-la. Parece rápido, mas, no tênis, em um saque de 250 km/h, a bola percorre mais da metade da quadra nestes dois décimos de segundo. Ou seja: quando o tenista compreende a trajetória da bola, ela já está quase a 10 metros do corpo dele. Suas chances de rebatê-la seriam mínimas.
É por isso que o atleta precisa apurar bastante seu reflexo e suas reações, a ponto de conseguir realizar movimentos rápidos de forma automática, quase sem pensar. Treinar para isso exige muita criatividade.
O técnico Larri Passos, por exemplo, criou um exercício em que troca a bolinha de tênis por bolas de dois quilos. Serve para ajudar o atleta a movimentar o quadril com mais agilidade. “O cérebro dele tem quer se automatizar. Tem que girar o tronco para não dar para pensar”, aponta.
O técnico também criou um cabo de raquete preso a um elástico, que ajuda a tornar o braço do atleta mais ligeiro para as rebatidas. “A musculatura dele vai ficar muito melhor, vai reagir muito melhor”, destaca.
Reagir rápido ajuda, mas pode não ser suficiente no futebol. Uma cobrança de pênalti pode alcançar, hoje, 110 km/h. Se esperasse o tempo que o cérebro precisa para ver aonde a bola vai, o goleiro só iniciaria o salto quando ela já tivesse percorrido mais da metade da distância até o gol. Assim, seria impossível chegar perto da trave e defendê-la.
Por isso, goleiros estudam cada vez mais os batedores e tentam prever o destino da bola. Se antecipar é a grande arma deles contra a velocidade.
No vôlei, a rapidez da bola marca a diferença entre gerações. “Um dia, nós estávamos assistindo a um vídeo antigo em uma festa de aniversário minha, e meu filho Bruno brincando disse: isso que você jogava era voleibol? Porque a velocidade era outra”, conta o técnico da seleção masculina de vôlei, Bernardinho.
Para lidar com saques que alcançam os 200 km/h, Bernardinho inventou um exercício. “O que nós fazemos, no treinamento, é colocar uma mesa ou alguém sacando não na distância da linha de fundo da quadra, mas bem para frente, dificultando a situação da pessoa que vai receber o saque, para, quando o atleta vai sacar da distância normal, você consiga ter alguma chance contra esse aumento de velocidade”, explica o técnico da seleção masculina de vôlei.
A distância menor obriga o atleta a reagir rápido para alcançar as bolas. Por enquanto, está funcionado. “Eu não sei até onde o vôlei pode chegar. Eu não sei até onde essa velocidade pode aumentar. Quem sabe meu filho vai bater nas minhas costas e perguntar se esporte que eu jogava antes”, diz o levantador da seleção Bruninho.

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